Sindicato patronal de empresas de segurança do DF devem recorrer ao MP

27/01/2012 17:57

 

Aline Bravim

Kelly Almeida

Roberta Machado

 

O Sindicato Patronal das Empresas de Segurança Privada, Sistemas de Segurança Eletrônica, Cursos de Formação e Transporte de Valores (Sindesp-DF) se reuniu na manhã desta sexta-feira (27/1) para discutir as medidas que serão tomadas após o anúncio de greve dos vigilantes, decretado na noite desta quinta-feira (26/1).

Segundo o Sindesp, a negociação com a categoria vem sendo feita há duas semanas. O presidente do sindicato, Irenaldo Pereira Lima, afirma que foi apresentada uma contraproposta de 16,69%, que incluiria 9,94% de inflação acumulada pelos 16 meses sem reajustes salariais e 7% em gratificações por risco de vida, além de aumento no ticket de alimentação de R$ 13,5 para R$ 17. De acordo com Irenaldo, o acordo não foi aceito pelos vigilantes e a direção das empresas ainda não conversou com a categoria após o anúncio da paralisação. Os patrões ainda não definiram quais as providências imediatas que serão tomadas. De acordo com Irenaldo, dependendo das consequências da greve, o Sindesp tomará medidas jurídicas cabíveis e entrará em contato com o Ministério Público. 

Em nota, o sindicato patronal informou que "apesar do repasse pelas empresas de aproximadamente R$ 1 milhão ao sindicato laboral para financiamento de plano de saúde a todos os vigilantes, os empregados não sindicalizados não estão tendo acesso ao benefício, uma vez que é exigida a filiação para adesão ao referido plano".

Abalo em estabelecimentos

A paralisação já começa a trazer transtornos à população do DF. Com a falta de vigilantes, o Zoológico não pode abrir as portas. As agências bancárias estão impedidas por lei federal de funcionarem sem a presença dos vigilantes.

Quase todas as agências bancárias amanheceram fechadas nesta sexta-feira (27/1). Mesmo com a presença dos bancários, os caixas não funcionaram devido à falta de vigilantes causada pela greve da categoria. Empresas financeiras de empréstimos também não abriram.

Por volta do meio-dia, diversos profissionais de segurança passaram nas agências do Setor Comercial Sul para conferir se não havia empregados furando a greve. A agência do Santander, que estava funcionando, fechou a pedido do gerente. Apenas os clientes que já estavam dentro do local foram atendidos. A agência do Bradesco da 504 Sul também chegou a abrir pela manhã, mas logo um grupo do sindicato chegou e a agência teve que fechar. Em todos os bancos fechados, os clientes eram orientados a usar a internet, os caixas eletrônicos ou pagar as faturas em lotéricas.

Alguns bancos mantiveram o atendimento comercial, enquanto a maioria apenas permitiu transações nos caixas eletrônicos. Uma agência do Banco do Brasil, no Setor Comercial Sul, permaneceu fechada durante a manhã, sem funcionários nem cartazes para explicar o motivo.

O Hospital de Base funcionou essa manhã com dois vigilantes, na psiquiatria e UTI. Segundo o diretor-administrativo do HB, Henrique Tamm, foi necessário remanejar servidores para cuidar dos acessos do Hospital. "Está uma situação de desespero. Caso haja algum problema, furto ou dano nós entraremos judicialmente contra o sindicato porque não foi respeitado os 30%", afirmou.

Por meio de nota à imprensa, a Secretaria de Saúde do DF diz que solicitou apoio à Casa Militar do Governo do Distrito Federal e à Secretaria de Segurança Pública, para suprir a segurança nas unidades hospitalares em razão da greve. O controle nas portarias continuará a ser efetuado por funcionários da SES e os centros de Saúde foram autorizados a fechar durante o horário de almoço, enquanto permanecer o impasse trabalhista.

Reivindicações

Os vigilantes do Distrito Federal (DF) reivindicam ticket de alimentação de R$ 25 por dia, 15% de reajuste salarial, além do reajuste de 8,33% em gratificações por risco de vida. O presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF (Sindesv-DF), Jervalino Rodrigues Bispo, acredita que 90% da categoria deve cruzar os braços a partir desta sexta.

O que diz a lei:

A lei 7.783/89 que dispõe sobre o exercício do direito de greve, diz que "o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica". Em outro artigo, conta ainda que "nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população"

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