Bombeiros dizem que irão ficar na Alerj até que companheiros sejam libertados

06/06/2011 22:09

 Polícia Militar acompanha a manifestação

Tainá Lara, do R7 

 

Os bombeiros manifestantes disseram na noite desta segunda-feira (6) que irão permanecer reunidos em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) até que os 439 militares presos no último sábado (4) sejam libertados. Ao contrário das outras manifestações, os bombeiros dizem que só aceitarão negociar com as autoridades estaduais, quando todos os militares forem soltos.

Com dezenas de faixas e cartazes, cerca de 1.200 manifestantes cantaram e reivindicaram a liberdade dos companheiros. Eles esperam uma resposta do governador do Estado, que disse nessa segunda-feira que os pronunciamentos serão feitos pelo novo comandante da corporação, o coronel Sérgio Simões.

A Polícia Militar acompanha a manifestação para que não ocorra paralisação no trânsito.

Entenda o caso

Por volta das 20h da última sexta-feira (3), cerca de 2.000 bombeiros - muitos acompanhados de mulheres e crianças - ocuparam o Quartel Central da corporação, no centro do Rio de Janeiro. O protesto, que havia começado no início da tarde em frente à Alerj (Assembleia Legislativa), durou toda a madrugada.

A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000 e vale-transporte. A causa já motivou dezenas de paralisações e manifestações desde o início de abril. Seis líderes dos movimentos chegaram a ser presos administrativamente em maio, mas foram liberados.

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Veja o momento que o Bope invade o quartel

Diante do clima de tensão no Quartel Central, repetidos apelos feitos pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, para que os manifestantes retornassem às suas casas foram ignorados e bombeiros chegaram a impedir que colegas trabalhassem diante dos chamados de emergência. A PM, então, com auxílio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), invadiu o complexo às 6h de sábado (4). Houve disparos de arma de fogo, acionamento de bombas de efeito moral e confrontos rapidamente controlados. Algumas mulheres e crianças ficaram levemente feridas e foram atendidas em postos no local.

Os bombeiros foram levados presos para o Batalhão de Choque, que fica nas proximidades. De lá, 439 foram transferidos de ônibus para a Corregedoria da PM, em São Gonçalo, região metropolitana do Estado, onde passaram a madrugada de domingo (5). Durante a manhã, eles foram novamente transferidos, só que para oquartel do bairro Charitas, em Niterói, também na região metropolitana.

Visivelmente irritado com o "total descontrole", o governador Sérgio Cabral anunciou no sábado, após reunião de cerca de cinco horas com a cúpula do governo, a exoneração do então comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado. O cargo passou a ser ocupado pelo coronel Sérgio Simões, que era subsecretário de Defesa Civil da capital fluminense.

Cabral disse que não negocia com "vândalos" e "irresponsáveis", alegou que os protestos têm motivação política e se defendeu dizendo que o governo tem planos de recuperação salarial para todos os militares desde 2007. Segundo ele, com todas as bonificações e reajustes previstos, até o fim do ano, os bombeiros terão um salário muito próximo ao que é reivindicado.

Os bombeiros presos serão autuados em quatro artigos do Código Penal Militar: motim, dano em viatura, dano às instalações e por impedir e dificultar a saída para socorro e salvamento. A pena para esses crimes varia de dois a dez anos de prisão. Inconformados, alguns iniciaram greve de fome como mais uma forma de protesto.

Apesar das baixas, o comando-geral do Corpo de Bombeiros informou que a rotina de atendimento à populaçãoestá mantida e que os substitutos dos bombeiros presos assumiram seus postos.