Acusado de matar professora disse que a imobilizou apenas para se defender

07/01/2012 16:53

 

Rapaz de 18 anos confessa ter sufocado a mulher, com quem supostamente mantinha um relacionamento amoroso. Os dois teriam se conhecido quando ele cumpria medida socioeducativa no Centro de Internação Granja das Oliveiras por atos infracionais de ameaça e desacato

Kelly Almeida

 

O assassino confesso, com o nome Elizabeth tatuado no braço: ele alegou ter apertado o pescoço da vítima ao se defender durante uma briga (Breno Fortes/CB/D.A Press)  
O assassino confesso, com o nome Elizabeth tatuado no braço: ele alegou ter apertado o pescoço da vítima ao se defender durante uma briga

Elizabeth Maria, 50 anos, morreu na noite da última quinta-feira dentro de um apartamento da CSB 8, em Taguatinga. O assassino confesso é Felipe Esdras Roque, 18, preso momentos após o crime. O rapaz garantiu à polícia que conheceu a professora de matemática no Centro de Internação de Adolescentes Granja das Oliveiras (Ciago), onde ele ficou internado até o ano passado, e supostamente mantinha um relacionamento com ela havia seis meses. Pouco antes do assassinato, Elizabeth estava na casa do jovem e os dois teriam discutido porque a mulher, segundo o rapaz, disse que funcionários do trabalho dela descobriram o namoro e isso geraria problemas. A Secretaria da Criança, responsável pelo Ciago, informou que desconhecia o relacionamento.

De acordo com informações do delegado-chefe da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), Moisés Martins, o rapaz e a vítima discutiram, por volta das 20h30, no apartamento em que Felipe morava com a mãe. “Ele relatou que ela chegou nervosa porque teriam descoberto o relacionamento. Durante a discussão, ela pegou uma faca e ele, alegando defesa, disse que tentou imobilizá-la, segurando-a pelo pescoço”, contou o delegado. O rapaz deixou Elizabeth desfalecida em casa e só voltou na companhia da mãe, uma técnica em enfermagem de 37 anos. “Ela (a mãe dele) ainda tentou reanimar Elizabeth, mas não conseguiu”, disse Martins. Quando a polícia e o Corpo de Bombeiros chegaram à residência do acusado, a vítima já estava morta. Felipe Esdras acabou preso pela Polícia Militar nas proximidades de casa.

Luto
A reportagem tentou entrar em contato com familiares de Elizabeth. No prédio onde ela vivia, na CSB 6 de Taguatinga, funcionários informaram que a professora morava apenas com um filho, que teria cerca de 18 anos. “Uma tia dele veio aqui hoje (ontem) cedo e o levou. Estamos todos de luto e assustados. Tiraram a vida de uma pessoa boa e trabalhadora”, disse o porteiro do edifício, Iricineu Garcêz Silva, 56 anos. Uma vizinha da professora também lamentou a morte de Elizabeth. “Ela era uma pessoa tão bacana. Morava com o filho aqui havia mais de 15 anos. O ex-marido dela morreu afogado há muitos anos”, contou a professora Eliana Maria de Oliveira, 48.

A Secretaria de Estado da Criança, responsável pelo Ciago, informou que Elizabeth Maria era professora temporária e trabalhou de 18 de agosto a 7 de dezembro no centro de internação, onde lecionava matemática. O período contradiz a informação de Felipe, de que ele e ela estariam juntos há seis meses. De acordo com informações da assessoria de comunicação da secretaria, não existe nenhuma notificação ou informação sobre o relacionamento amoroso entre a professora e o ex-interno.

A Secretaria de Educação também informou que desconhece qualquer envolvimento dos dois e garante nunca ter recebido notificação de comportamento irregular de Elizabeth, caso contrário, o contrato dela não teria sido renovado.

Colaborou Thaís Paranhos