Pactual confirma compra do banco de Silvio Santos

01/02/2011 00:07

 Banco de investimento ofereceu R$ 450 mi e vai assumir dívidas do PanAmericano

Do R7
O Banco PanAmericano não pertence mais ao Grupo Silvio Santos. A empresa foi comprada nesta segunda-feira (31) pelo BTG Pactual, banco de investimentos do empresário André Esteves, que ofereceu R$ 450 milhões e ainda concordou em assumir a dívida de mais de R$ 4 bilhões do braço financeiro do grupo de Silvio.

 

Segundo detalhes do acordo, divulgado na noite desta segunda, o BTG Pactual passa a ser dono de uma fatia de 37,64% do PanAmericano. A Caixa Econômica Federal manterá sua participação de 49% no banco do Grupo Silvio Santos. O resto das ações será distribuído no mercado em papéis negociados na Bolsa de Valores.

Em nota, o Grupo BTG Pactual informou que elevou seu patrimônio para aproximadamente R$ 7,3 bilhões e “reforçou parceria com Caixa Econômica Federal” para manter o PanAmericano funcionando e ampliar a oferta de produtos e serviços financeiros, utilizando seus canais de distribuição.

Para André Esteves, o “acordo de cooperação” permitirá que o PanAmericano altere sua forma de funcionamento. A principal mudança no comando do banco será a nomeação de José Luiz Acar Pedro, sócio do BTG Pactual, como executivo-chefe do antigo banco de Silvio Santos.

- Investiremos em sistemas, processos e aprimoramento da eficiência, além de criação de novos produtos e suporte aos clientes, franqueados, promotores de venda e na intensificação da nossa parceria com a Caixa. O PanAmericano poderá praticar taxas de financiamento mais competitivas, beneficiando os seus clientes, dada a esperada redução no custo de captação do Banco em função desta transação.

O BTG Pactual, que também atua nos Estados Unidos, no Reino Unido e na China, é um dos maiores bancos de investimento no Brasil.

‘Sim’ de Silvio

O negócio estava prestes a ser fechado desde a semana passada, quando Silvio Santos teria dado o “sim” para o BTG Pactual. Faltava o acordo do que fazer com os mais de R$ 4 bilhões de dívidas do PanAmericano.

Este rombo financeiro foi descoberto em setembro do ano passado, mas era avaliado em R$ 2,5 bilhões. Na ocasião, o Banco Central abriu uma investigação para encontrar o motivo do erro, ao mesmo tempo em que o PanAmericano era socorrido com a grana do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), uma entidade privada mantida pelos bancos que tem como principal função proteger parte dos depósitos dos clientes dos bancos.

O escândalo veio a público no início de novembro, quando toda a antiga diretoria foi demitida. O FGC concedeu, inicialmente, R$ 2,5 bilhões. O outro R$ 1,5 bilhão surgiria neste ano, quando informações de que o erro contábil poderia ter afetado mais as contas do banco do que imaginado.

Para conseguir todo o dinheiro, Silvio Santos colocou seus próprios negócios como garantia, entre eles a rede de televisão SBT, a fabricante de cosméticos Jequiti, as lojas do Baú da Felicidade, a imobiliária Sisan, a Liderança capitalização (administradora da Tele-Sena), o Guarujá Jequitimar (hotel), entre outros. Os ativos estavam avaliados em pouco mais de R$ 2,7 bilhões – o que não seria suficiente para cobrir o rombo ou pagar o empréstimo do FGC.

Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo informou que Silvio deve se livrar das dívidas e permanecerá com seus ativos, exceto o PanAmericano.

Procurada pela reportagem do R7, a assessoria do PanAmericano informou que não falaria sobre o assunto porque está em “período de silêncio”, devido à época de divulgação de seu balanço.

Este é o documento que poderia dar o número exato do rombo é o balanço trimestral, que estava previsto para ser divulgado nesta segunda-feira (31). Com o acordo, os números podem ser divulgados a qualquer momento.

 

A maior parte dos executivos que compõem a nova direção foi indicada pela Caixa Econômica Federal, que comprou 49% do capital votante do PanAmericano no fim de 2009.

Entenda a fraude

O Panamericano, que sempre teve como pilar as operações de crédito consignado e de financiamentos de veículos e de imóveis para as classes C e D, vendia carteiras de crédito para outros bancos - entre eles, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e HSBC -, mas não dava baixa no balanço.

Como o banco não levantava os recursos para empréstimos por meio dos depósitos feitos por correntistas, ele vendia parte de suas carteiras, que são como um “pacote” de empréstimos que têm um prazo para ser totalmente devolvido. Como o banco quer o dinheiro no menor tempo possível, ele “vende” o prazo.

Imagine um pacote de empréstimos que vale R$ 10, mas que será devolvido em R$ 1 por ano, ou seja, nos próximos dez anos. Para ter o dinheiro já, o banco vende tudo por R$ 5 agora, embolsa esse dinheiro e quem comprou assume o risco de os outros R$ 5 serem pagos.

O que ocorreu foi que parte dessas carteiras, mesmo já repassada adiante, continuava entre os ativos do banco, sendo considerada como “pronta para ser vendida”. Mas, na verdade, ela não pertencia mais ao banco.