Desconfiados, egípcios continuam nas ruas para pedir por democracia

13/02/2011 08:07

 Ativistas rejeitam apelo do Exército para deixar Tahrir e querem administração civil

Do R7
Apesar de o principal grupo da oposição anunciar o fim dos protestos no Egito, algumas centenas de pessoas rejeitam o chamado do Exército e continuam acampadas na praça Tahrir, no Cairo, na manhã deste domingo (13).

Segundo o jornal britânico The Guardian, os manifestantes disseram estão à espera de compromissos específicos por parte dos militares em sua demanda por uma administração civil provisória. Eles também pedem o "levantamento do estado opressor de emergência" e outras medidas de liberalização.

As Forças Armadas tentaram evitar a repressão aos manifestantes, eufóricos queda do ex-presidente Hosni Mubarak, e garantiram neste sábado (12) o compromisso com um "Estado livre e democrático", além do respeito aos tratados internacionais assinados anteriormente.

Mesmo assim, a ala jovem da oposição ainda não está convencida. O grupo listou suas exigências em uma entrevista coletiva e disse querer leis de emergência, a dissolução do Parlamento e a formação de uma comissão para alterar a Constituição.

Outros organizadores dos protestos que derrubaram Mubarak disseram que formarão um conselho para defender a revolução e negociar com a administração militar. Segundo o acadêmico Khaled Abdel Qader Ouda, o objetivo é manter o “diálogo e levar a revolução adiante”.

O conselho terá cerca de 20 membros, incluindo organizadores de protestos, indivíduos proeminentes e líderes de todo o espectro político, disse Ouda.

O jovem opositor também anunciou que o conselho vai convocar uma manifestação na próxima sexta-feira (18), no aniversário de uma semana da renúncia, para comemorar o sucesso da revolução.

Obama elogia compromisso do Exército egípcio

 

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou o compromisso do Exército egípcio de transferir o poder a civis, informou a Casa Branca neste sábado.

"O presidente pediu hoje a vários dirigentes estrangeiros para continuar com as consultas com seus colegas sobre a questão dos últimos acontecimentos no Egito", indica o comunicado.

Obama já falou com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, com o rei Abddullah da Jordânia e com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Israel também se disse contente com a vontade do governo de continuar reconhecendo seu Estado na região. Havia a apreensão de que um governo mais radical retrocedesse no acordo de paz.

Representantes do governo Mubarak sob suspeita

O ministro egípcio da Informação, Anas el Fekki, apresentou sua renúncia ao governo. Horas antes, a Justiça egípcia proibiu que ele e o ex-primeiro-ministro Ahmad Nazif saíssem do país, um dia depois da queda do regime de Mubarak, informou a agência oficial Mena.

O procurador-geral Abdel Magid Mahmud tomou a decisão em função dos processos abertos contra os dois políticos.

Ele também decidiu congelar os bens do ex-ministro do Interior, Habib el Adli, e de sua família em função de queixas relativas à transferência de mais de mais de R$ 1,1 milhão (4 milhões de libras egípcias) de uma empresa de construção para sua conta pessoal.

Já o governo da Suíça ordenou na última sexta-feira (11) o congelamento de eventuais bens do ex-presidente Mubarak e de seus funcionários, logo depois do anúncio da renúncia, informou o Ministério das Relações Exteriores do país europeu.

O congelamento de três anos tem como objetivo prevenir qualquer risco de apropriação indevida de ativos do Estado egípcio.