Desconfiados, egípcios continuam nas ruas para pedir por democracia
Ativistas rejeitam apelo do Exército para deixar Tahrir e querem administração civil
Segundo o jornal britânico The Guardian, os manifestantes disseram estão à espera de compromissos específicos por parte dos militares em sua demanda por uma administração civil provisória. Eles também pedem o "levantamento do estado opressor de emergência" e outras medidas de liberalização. As Forças Armadas tentaram evitar a repressão aos manifestantes, eufóricos queda do ex-presidente Hosni Mubarak, e garantiram neste sábado (12) o compromisso com um "Estado livre e democrático", além do respeito aos tratados internacionais assinados anteriormente. Mesmo assim, a ala jovem da oposição ainda não está convencida. O grupo listou suas exigências em uma entrevista coletiva e disse querer leis de emergência, a dissolução do Parlamento e a formação de uma comissão para alterar a Constituição. O conselho terá cerca de 20 membros, incluindo organizadores de protestos, indivíduos proeminentes e líderes de todo o espectro político, disse Ouda. O jovem opositor também anunciou que o conselho vai convocar uma manifestação na próxima sexta-feira (18), no aniversário de uma semana da renúncia, para comemorar o sucesso da revolução.
Obama elogia compromisso do Exército egípcio O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou o compromisso do Exército egípcio de transferir o poder a civis, informou a Casa Branca neste sábado. "O presidente pediu hoje a vários dirigentes estrangeiros para continuar com as consultas com seus colegas sobre a questão dos últimos acontecimentos no Egito", indica o comunicado. Obama já falou com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, com o rei Abddullah da Jordânia e com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Israel também se disse contente com a vontade do governo de continuar reconhecendo seu Estado na região. Havia a apreensão de que um governo mais radical retrocedesse no acordo de paz. Representantes do governo Mubarak sob suspeita O ministro egípcio da Informação, Anas el Fekki, apresentou sua renúncia ao governo. Horas antes, a Justiça egípcia proibiu que ele e o ex-primeiro-ministro Ahmad Nazif saíssem do país, um dia depois da queda do regime de Mubarak, informou a agência oficial Mena. O procurador-geral Abdel Magid Mahmud tomou a decisão em função dos processos abertos contra os dois políticos. Ele também decidiu congelar os bens do ex-ministro do Interior, Habib el Adli, e de sua família em função de queixas relativas à transferência de mais de mais de R$ 1,1 milhão (4 milhões de libras egípcias) de uma empresa de construção para sua conta pessoal. Já o governo da Suíça ordenou na última sexta-feira (11) o congelamento de eventuais bens do ex-presidente Mubarak e de seus funcionários, logo depois do anúncio da renúncia, informou o Ministério das Relações Exteriores do país europeu. O congelamento de três anos tem como objetivo prevenir qualquer risco de apropriação indevida de ativos do Estado egípcio.
Outros organizadores dos protestos que derrubaram Mubarak disseram que formarão um conselho para defender a revolução e negociar com a administração militar. Segundo o acadêmico Khaled Abdel Qader Ouda, o objetivo é manter o “diálogo e levar a revolução adiante”.