Cinco rodovias que cortam a capital registram aumento de 21,5% em mortes

07/01/2012 16:56

 

Levantamento parcial do Detran revela aumento de 21,5% na quantidade de mortes nas cinco rodovias que cortam o DF

Ariadne Sakkis

 

Acidente fatal na BR-020, em dezembro: em 2011, 96 morreram nas rodovias federais que cortam o DF (Ed Alves/Esp. CB/D.A Press - 6/12/11)  
Acidente fatal na BR-020, em dezembro: em 2011, 96 morreram nas rodovias federais que cortam o DF

Apesar de o Distrito Federal ter registrado queda de 3,9% no número de acidentes fatais em 2011, a redução não foi capaz de salvar mais vidas. No ano passado, 461 pessoas morreram no trânsito, o mesmo número observado em 2010. Segundo levantamento preliminar do Departamento de Trânsito (Detran), ao qual o Correio teve acesso com exclusividade, houve aumento de 21,5% no total de mortes nas cinco rodovias federais que cortam a capital. No ano passado, 96 pessoas não resistiram aos ferimentos provocados por colisões ocorridas nessas estradas, contra 79 em 2010.

Os óbitos e as ocorrências fatais tiveram redução nas vias urbanas e nas rodovias distritais. Em 2012, o tráfego no DF fez três vítimas, duas em pistas sob a responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal (PRF) (leia Memória). O chefe de fiscalização do 1º Distrito da PRF, inspetor Carlos Dantas, afirmou que o órgão ainda não fechou o levantamento próprio de acidentes e de mortes ocorridos em 2011. Por isso, não quis comentar os dados.

O pai do estudante Herisson Neves, 16 anos, morreu na BR-020, em 6 de dezembro do ano passado. Jairton Antônio de Carvalho, 45, era operador de máquinas do Hospital Regional de Planaltina e voltava para casa, em Sobradinho, quando perdeu o controle do Marea que dirigia e colidiu com uma árvore, no Km 10. O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) comprovou que ele não passou mal. A perícia técnica ainda não foi concluída.

A morte de Jairton desestruturou a vida de Herisson. Ele fazia tudo ao lado do pai. Recebia conselhos e caronas. “Essa falta eu vou sentir para sempre”, diz. Depois do acidente, o estudante passou a ter medo do trânsito. Recentemente, pegou a estrada para ir até a Bahia. Uma tia assumiu a direção do veículo. “Eu fui e voltei com o coração na mão. Sentia sempre apreensão”, conta.

Balanço
Os dados parciais dão conta de que 131 acidentes fatais ocorreram em vias urbanas do DF ao longo de 2011, uma redução de 10,3% em relação ao ano anterior. Neles, 139 pessoas morreram, 10 a menos do que em 2010. Edson Wagner Barroso, chefe de gabinete do Detran, aponta que, no ano passado, o DF conseguiu a menor relação de acidentes fatais para cada 10 mil carros. “A ONU recomenda três acidentes para cada 10 mil carros. Em 2011, chegamos à média de 3,5 acidentes para cada 10 mil veículos. A média nacional é duas vezes maior”, explica.

Já nas rodovias distritais, supervisionadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), houve 199 colisões fatais, número 5,2% menor do que o total de 2010. A variação das mortes foi menor, de 3%, sendo 266 vidas perdidas em 2011.

Para o superintendente de Trânsito do DER, Murilo de Melo Santos, diversos fatores contribuíram para a melhora nas estatísticas. Ele cita a contratação de 55 agentes e a colocação de radares eletrônicos em pontos críticos. “Na DF-001, por exemplo, colocamos mais pardais e melhoramos a sinalização entre os Km 82 e 90, a ‘curva da morte’”, revela. Segundo ele, antes disso, quatro mortes ocorreram no local. Após a intervenção, uma.

Santos afirma ainda que está para ser assinado um novo contrato para melhorar a sinalização de todas as DFs. O acerto com a empresa de controladores de velocidade está fechado. Dentro de 90 dias, os pontos onde há mais acidentes deverão receber mais 100 aparelhos. Hoje, as rodovias são monitoradas por 350 radares.

A Estrada Parque Taguatinga (EPTG) será um desses locais. A expectativa dos órgãos é de que a Operação Funil, que reúne esforços do Detran, das polícias Civil e Militar, do DER, do Corpo de Bombeiros e da PRF, ajude a coibir excessos e poupar vítimas. Desde dezembro, os órgãos têm feito operações em conjunto.

Vítimas em 2012

1º de janeiro
O médico Vitor Hugo Morato, 30 anos, morreu na EPTG. Por volta das 7h, perdeu o controle do carro, um Corolla, devido à pista molhada. Ao sair do carro para colocar o triângulo de sinalização, ele foi atingido por um Gol, que também rodou na pista.

Às 2h35, o auxiliar de produção Paulo Henrique Santos Medeiros, 26 anos, caiu da moto que pilotava, na BR-251, próximo a São Sebastião. Logo após a queda, ele foi atropelado por outro veículo não identificado. O motorista não parou para prestar socorro.

5 de janeiro
Marcelo Pereira de Souza morreu atropelado na BR-060, próximo a Samambaia, por volta de 23h30. Segundo a polícia, o motorista de um Gol preto não viu quando ele atravessou a rodovia, por conta da pouca iluminação, e não teve tempo de frear.

Colaborou Flávia Maia